Em Ibirité, Região Metropolitana, o preço chega a R$ 7,30, enquanto vários postos na capital mineira chegam a R$ 6,99
Pela primeira vez em Belo Horizonte, o preço da gasolina passou a fronteira dos R$ 7. Uma comparação feita pelo site de pesquisas Mercado Mineiro mostra que entre janeiro a outubro deste ano, a média do combustível aumentou 45% ou R$ 2,09. O levantamento foi feito nos dias 25 a 28 de outubro e foram consultados 145 postos na capital mineira e Região Metropolitana.
Entre os postos de Belo Horizonte, o menor preço encontrado da gasolina comum foi R$ 6,570 e o maior R$ 7,019 variando 6,83%. Em comparação realizada entre os preços de 08 a 29 de outubro (21 dias), constatou-se que o preço médio da gasolina comum subiu 7,39% ou R$ 0,46, tendo antes o valor de R$6,277 e atualmente R$ 6,741.
Na pesquisa, o posto que foi detectado com o valor de R$ 7,019, na Avenida Raja Gabáglia, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, recuou e agora está por R$ 6,988. No entanto, o posto Triângulo Ibirité, Região Metropolitana de BH, que estava por R$ 6,999 no período do levantamento, agora já está por R$ 7,30.
Ao Estado de Minas, Bruno Pedro, de 28 anos, que trabalha em um restaurante ao lado de um posto de Ibirité, disse estar assustado com a alta dos preços. “Consegui abastecer, sim. Trabalho ali em frente, mas assustei com o aumento. Está aumentando toda semana, hoje eu assustei de verdade”, disse.
No caso do etanol, o menor preço encontrado entre os postos pesquisados foi de R$ 5,018, e o maior de R$ 5,667, com uma variação de 12,93%. Na comparação realizada entre os preços médio no dia 08 de outubro de 2021, foi apontado que o preço médio do etanol subiu 9,71% (R$ 0,47), sendo que o valor médio era de R$ 4,803 e passou a ser de R$ 5,269. O preço médio do etanol subiu 64% (R$ 2,06) de janeiro até outubro de 2021. A média que era R$ 3,213 foi para R$ 5,269.
Enquanto o preço médio do litro de diesel aumentou 6,77% de 08 a 29 de outubro, o preço que era R$ 5,039 subiu para R$ 5,380. O preço médio do diesel s10 subiu 39.90% (R$ 1,53) de janeiro a outubro de 2021. O preço médio que era R$ 3,846 foi para R$ 5,380. O menor preço do litro do diesel é de R$ 5,177 e o maior R$ 5,799, uma variação de 12%.
O levantamento foi feito na semana após a greve dos tanqueiros, que durou apenas um dia, em 21 de outubro, e provocou filas em postos de gasolina, além de deixar bombas de abastecimento vazias em todo estado de Minas Gerais.
Segundo o economista e coordenador do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, foi um movimento que só prejudicou o consumidor final. “A gente teve uma greve que só prejudicou o consumidor, não resolveu nada e o pedido da categoria não foi atendido. Os preços aumentaram e não reduziram novamente. A Petrobras não subiu o combustível no período da greve para este argumento”, afirmou.
Feliciano criticou ainda a política adotada pela Petrobras. “O consumidor está pagando toda a conta da COVID. A gente sabe que é uma crise internacional, mas a Petrobras visa somente o lucro. É a única empresa que visa o interesse do sócio e não o cliente, que somos nós”, ressaltou.
“A política da Petrobras de preço, de acompanhar o mercado externo, teoricamente é boa quando o real está valorizado, o que não está acontecendo. O real está cada vez mais desvalorizado e, além disso ainda tem um problema de mercado de petróleo mundial. O barril, por mais que ele tenha caído, está muito mais alto do que já se viu. O consumidor fica dilacerado, não tem para onde recorrer”, lamenta.
“Quando estava na pandemia, o barril do petróleo deu prejuízo com valor negativo e a Petrobras não diminuiu o preço como deveria. Então só vai para frente, nunca para trás. Querendo ou não, a Petrobras está extraindo petróleo do Brasil, então deveria cuidar do consumidor.”
A pesquisa, que apontou aumento de quase o dobro do preço do combustível em um período de dez meses, de janeiro a outubro, assusta o consumidor. “Se em janeiro a gasolina tá um preço e falar que no final do ano estaria quase o dobro eu iria duvidar, só se acontecesse uma guerra. Se continuar assim, vai afetar a economia toda”, alerta o economista.
Em relação ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Feliciano alegou que não é a única saída. “Todo imposto no Brasil é exagerado, ele ajuda a prejudicar muito o consumidor. Mas o ICMS não é a única saída, a Petrobras tem que engolir o preço dela, ou voltar a política antiga pelo menos um tempo, alguma coisa tem que ser feita”, aponta.
A alternativa para os altos valores da gasolina, que seria o etanol, também não está sendo uma opção viável. “Observamos que o açúcar está batendo recorde e com isso o produtor da cana prefere fazer açúcar do que etanol. O mercado externo está pagando muito mais caro no açúcar e o etanol a gente não vende para fora. Um cara que tem o canavial vai querer fazer açúcar porque vai ganhar cinco vezes mais. Então o grande problema no Brasil é o real, que está desvalorizado”, destaca.
Com isso, o jeito é reduzir o consumo. “Os postos têm reclamado que caiu muito o movimento, com esse preço ninguém suporta. O que vale a pena para o consumidor neste momento, que eu estou fazendo, é reduzir o consumo. Locomover o mínimo possível. Assim, vai sobrar mais combustível. 'Ah, mas exporta muito', sim exporta, mas uma hora eles vão ter que vender para o mercado interno”, alerta o economista.
Novo aumento
Em meio a temores no mercado financeiro de ingerência política na Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta segunda-feira (1º/11) , que a semana será de "jogo pesado" com a empresa, sem detalhar qual seria a estratégia do governo ao longo dos próximos dias. O chefe do Executivo ainda disse saber, de forma extraoficial, que a estatal fará um novo reajuste nos preços dos combustíveis dentro de 20 dias.
"Uma notícia que eu dou pra vocês, eu tenho pressa, a Petrobras vai anunciar, eu sei extraoficialmente, novo reajuste daqui a uns 20 dias. Isso não pode acontecer."
Apesar de o governo ser o principal acionista da Petrobras, o presidente ainda disse que não se importa com o lucro da estatal repassado à União. "O que eu quero da Petrobras? Não quero no tocante aos rendimentos que a Petrobras dá para o governo federal, não me interessa esse recurso. Tenho conversado com Paulo Guedes [ministro da Economia], nós queremos que isso seja revertido diretamente em diminuição do preço do diesel na ponta da linha", comentou.
Na última quinta-feira, a Petrobras informou lucro de R$ 31,14 bilhões no terceiro trimestre deste ano. "Vi muito rapidamente", limitou-se a responder Bolsonaro sobre o balanço da empresa.
Em uma insistência de retórica, o presidente ainda voltou a dizer que pediu ao ministro Paulo Guedes para estudar a privatização da Petrobras, e novamente jogou a alta dos combustíveis, que corrói sua popularidade, no colo do ICMS cobrado pelos governadores. "A minha contribuição eu já dei", afirmou.
Nova greve
Transportadores rodoviários e motoristas autônomos de todo país convocaram uma nova paralisação para reivindicar direitos da categoria, a partir desta segunda-feira (1/11). Apesar do chamamento e apelo nas redes sociais, até o momento a movimentação segue com baixa adesão.
Fonte: Estado de Minas
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