Desde a virada do ano, a Petrobras já anunciou três reduções no preço da gasolina nas refinarias
Mesmo com três anúncios da Petrobras de queda no preço da gasolina nas refinarias desde a virada do ano, o consumidor em Uberlândia ainda não viu o reflexo nas bombas de combustível. Desde o ano passado, o preço está variando entre R$ 4,44 e R$ 4,69 no município, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), sendo que boa parte dos postos tem praticado o mesmo valor nesse período.
No fim do ano passado, a Petrobras registrou o preço médio da gasolina em R$ 1,5087 por litro, 14,3% menor do que o verificado no último dia de 2017, quando o combustível estava sendo vendido por R$ 1,7619.
Na última quinta-feira, a Petrobras anunciou uma redução no preço da gasolina em 2,73% nas refinarias. Segundo a estatal, o litro do combustível estava sendo vendido a R$ 1,4675, em média. A última vez em que o litro da gasolina foi vendido por menos de R$ 1,50 foi em meados de setembro de 2017.
Ontem, a estatal fez uma nova redução nas refinarias, desta vez em 1,38%. O litro da gasolina passou a ser comercializado a R$ 1,4337. Desde o dia 1º, a gasolina acumula queda de 4,97% no preço nas refinarias da estatal. O preço do diesel foi mantido em R$ 1,8545, o mesmo valor desde o primeiro dia deste ano. Em Uberlândia, o valor médio vendido nos postos é de R$ 4,64 para a gasolina e R$ 3,05 para o diesel, de acordo com um levantamento da ANP, coletado no fim da última semana.
CONSUMIDORES
O empresário William Neves, que utiliza o carro todos os dias, disse que há muitos anos não vê o preço do combustível tão alto como atualmente. “Eu não pesquiso muito, vou ao mais próximo. Dificilmente vemos um posto com um preço melhor, um ou outro ‘salva’, mas a fila fica enorme”, afirmou.
Wanderley Precioso é motorista de aplicativo e precisa abastecer o carro quase todos os dias. Quando foi abordado pela reportagem, afirmou que estava “sem coragem” de abastecer o veículo. “Eu acompanho os valores, passo por quase todos os postos de Uberlândia, e no geral, está muito complicado. Fui para Uberaba na segunda-feira e a gasolina estava R$ 4,37.”
Segundo o promotor de Justiça Genney Randro, o Ministério Público de Minas Gerais recebe reclamações constantes de consumidores em relação ao preço do combustível e rotineiramente nota indicativos da existência de um cartel neste comércio varejista. “Esse alinhamento de preços já foi fruto de diversas investigações. Muitas não prosseguiram, mas eu não tenho dúvida da existência desse cartel”, disse.
Apenas uma das investigações feitas pelo Ministério Público prosseguiu em Uberlândia, de acordo com o promotor. “Encaminhamos um material com interceptações telefônicas ao Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] e ele autuou alguns postos de combustíveis. Também havia um policial envolvido, ele era um ‘braço armado’ e buscava intimidar outros comerciantes”, afirmou Genney. A decisão saiu em 2015 e a multa foi um total de R$ 2 milhões para os postos envolvidos.
BOMBAS
Enquanto uns baixam, outros mantém preço
Andreia Miranda, gerente de um posto de combustíveis, disse que o estabelecimento teve uma diminuição média de R$ 0,25 na gasolina desde o começo do ano - na tarde de ontem o local estava vendendo o produto por R$ 4,49 o litro. “Hoje [ontem] baixou mais R$ 0,20 e pode baixar mais. O gerente da rede nos orienta em relação aos preços, ficamos aguardando”, afirmou.
Raimundo Barros, gerente de outro posto, afirmou que o combustível está mantendo o valor de R$ 4,61 desde o início do ano, mas deverá baixar nos próximos dias. “Essa redução ainda não foi repassada para as distribuidoras e nem para os postos, assim que recebermos o novo valor, alteramos”.
Segundo o economista Pedro Prado, do Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais (Cepes) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), quando o preço da gasolina e do diesel cai nas refinarias, uma variação nas bombas também é esperada, mas muitas vezes, isso não acontece. “Os preços que saem da refinaria apresentam apenas uma parcela de todas as etapas. Estimativas indicam que esses valores representam menos de um terço dos preços finais das bombas e essa proporção varia conforme outros custos”, disse.
De acordo com o economista, os tributos, o armazenamento e a distribuição influenciam no valor final praticado para o consumidor. “Os impostos federais representam uma parcela grande do preço. Tributos como PIS e Cofins subiram de R$ 0,38 para R$ 0,79 nos últimos dias”, disse.
Fonte: O Diário de Uberlândia
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