Movimentação de cargas nos países de fronteira com o Brasil também está sentindo os impactos da pandemia
Após cinco semanas de acompanhamento da queda no volume de cargas movimentadas no país, o Departamento de Custos Operacionais (DECOPE) da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), que atua há mais de 20 anos no setor e é responsável por outros acompanhamentos como o de defasagem do frete, e o Índice Nacional da Variação de Custos do Transporte (INCT) vêm constatando o impacto da pandemia causada pela Covid-19 nas transportadoras.
A pesquisa é desenvolvida com empresas de vários tamanhos e segmentos de todo o Brasil ligadas à NTC&Logística e as suas mais de 50 entidades parceiras, com o apoio da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Juntas, representam a totalidade das transportadoras de carga do mercado.
Os dados estão sendo apurados desde o dia 16 de março, e durante todo o período, até o momento, mais de três mil empresas de todos os estados e do Distrito Federal responderam à pesquisa. Diante das medidas de restrição que atingem o consumo geral da população com o fechamento de serviços não essenciais, o transporte de cargas vem sofrendo as consequências segundo os dados colhidos.
A nova apuração demonstra que a variação total chegou a 45,17% de queda no volume de cargas movimentadas. Para cargas fracionadas, aquelas que contêm pequenos volumes, a queda chegou a 47,58%, número que corresponde a entregas para pessoas físicas, distribuidores, lojas de rua e de shoppings, além de supermercados e outros estabelecimentos. Já para cargas lotação ou fechadas, que ocupam toda a capacidade dos veículos e são utilizadas basicamente nos abastecimentos industriais e no escoamento de safras, a pesquisa mostra diminuição de 43,34%, mantendo os dados das pesquisas passadas de enfraquecimento do comércio geral, indústria automobilística, eletrônica, linha branca, combustíveis, alimentos, dentre outros segmentos.
O percentual de empresas que tiveram queda significativa no faturamento saltou de 66% na primeira semana de acompanhamento para 89% segundo os dados apresentados pelo departamento.
“Não conseguimos prever até quando continuará essa crise. Temos acompanhado e passado as informações para órgãos governamentais para que eles fiquem por dentro de como as empresas de transporte de cargas estão sendo atingidas e para que nos ajudem com as demandas que temos apresentado, como a abertura de crédito para capital de giro com prazos maiores, suspensão de impostos e de contribuições e a suspensão dos vencimentos dos financiamentos junto ao BNDES enquanto durar o estado de calamidade. Desde o início, assumimos o compromisso de não parar o abastecimento das cidades e estamos cumprindo, fazendo nossa parte, uma vez que fomos reconhecidos por decreto como atividade essencial”, destacou Francisco Pelucio, presidente da NTC&Logística.
A queda em alguns estados foi bem expressiva, como é o caso do Maranhão (75%), seguido de Mato Grosso (52,8%) e de Mato Grosso do Sul (51,2%), além de outras 15 regiões que continuam sofrendo queda significativa. O transporte rodoviário internacional de cargas já vinha sofrendo antes da crise com problemas políticos, com o fechamento de fronteiras e a dificuldade da circulação nos países de fronteira como Argentina, Bolívia e Chile. Para piorar, também sofreu atualmente cerca de 61% de queda.
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